O cinema é uma arte em que as possibilidades se constituem ferramentas quase obrigatórias para contar uma história. Se fosse possível a viagem através do tempo; se fosse possível viver em outros planetas; se fosse possível pilotar carros em altas velocidades e não se preocupar com as regras da física são questionamentos que filmes tão distintos quanto De volta para o Futuro, Missão: Marte e Velozes e Furiosos tentam investigar.
A produção brasileira Entre Abelhas, em cartaz nos cinemas brasileiros, segue essa mesma linha especulativa e pergunta o que alguém faria se, de repente, simplesmente deixasse de ver as outras pessoas. Levando-se em conta a atual indústria cinematográfica nacional, é natural pensar que o filme é uma série de piadas e esquetes cômicos a respeito das dificuldades em viver na sociedade e não enxergar os outros, como, por exemplo, um motorista de táxi ou um atendente de lanchonete.
Mas, não é exatamente essa a intenção do filme. A produção que tem como protagonista Fábio Porchat e é dirigida por Ian SBF, dois dos principais nomes do grupo de humor Porta dos Fundos, propõe uma reflexão um pouco menos superficial, mostrando a fragilidade das relações humanas e como, mesmo enxergando, muitas vezes acabamos não vendo aquilo que realmente importa.
O filme tem, claramente, duas partes. Na primeira metade o tom é de comédia, na segunda, é possível sentir o clima mais dramático e sombrio. A mistura, entretanto, acaba tendo alguns problemas na sua composição e no desenrolar da trama. Mas, não deixa de ser um suspiro novo nas artes cinematográfica do país, mostrando que até mesmo os humoristas, estão cansados de assistir apenas comédias brasileiras na tela grande.