Nesse dia 8 de março, dia mundialmente comemorado para enaltecer a força e sensibilidade das mulheres, algumas curiosidades são pertinentes ao assunto. Por exemplo: a cerveja é produzida há pelo menos 10 mil anos e historicamente, na maioria das vezes, este campo foi dominado pelas mulheres. Sabiam disso?
Por séculos essa foi uma tarefa exclusiva das mulheres. O que inicialmente era visto como um afazer da casa, rapidamente se tornou uma especialidade muito apreciada e em pouco tempo a cerveja passou a ser uma bebida feita por mulheres simplesmente pelo fato delas conhecerem os segredos das diversas receitas e, basicamente, fabricarem uma bebida melhor.
Donas de Tabernas e detentoras de ótimas receitas, as mulheres vendiam e lucravam com suas criações. Enquanto na mitologia o vinho é representado por um deus, a cerveja é pertencente a uma deusa, a Ninkasi, adorada pelos sumérios por volta de 8.000 a. C.
Quem conta isso é a sommèliere e única empresária brasileira especialista em todos os tipos de bebidas, azeites e charutos, Mikaela Paim. “Naquela época, as pessoas faziam cerveja, mas não entendiam o processo de fermentação. Então, relacionavam essa transformação à deusa. E todo esse desenvolvimento tem o apelo de uma mulher. O famoso lúpulo, utilizado e indispensável na produção de cervejas de qualidade, foi descoberto por uma mulher, Hildegard, uma freira alemã. Foi apenas no começo do século 20 que a produção de cerveja foi parar na mão dos homens”.
E essa atuação tão delicada e imponente não se restringiu apenas a essa bebida específica. Na história do vinho, muitas mulheres fizeram e fazem a diferença. Algumas delas simplesmente mudaram a história do vinho, como a Madame Clicquot, que após o falecimento de seu marido em 1805, ao invés de fechar a vinícola, assumiu com 27 anos (em tempos que eram inconcebíveis mulheres à frente de um negócio), revitalizou e consagrou seus champanhes os tornando os mais conhecidos e desejados do mundo, com técnicas de produção que são utilizadas até hoje. Vale destacar que grande parte dos rótulos e comerciais da bebida mais festiva do mundo, sempre se valeram da elegância e sofisticação da mulher como fonte de inspiração para o marketing.
Outra francesa também fez história. A Baronesa Philippine Rothschild, considerada uma das mulheres mais importantes do mundo do vinho, assumiu os negócios da família, em 1988 com a morte de seu pai e se tornou uma das primeiras grandes damas do vinho. A Baronesa foi a primeira mulher a ocupar um cargo de tamanha expressão no mundo vitivinícola e a responsável pelo sucesso de vendas de suas vinícolas alcançadas nos últimos anos, além disso, Philippine modernizou as vinícolas da família, criou novas marcas de sucesso, tornou-se conceituada em todo o mundo e a maior exportadora de vinhos de Bordeaux. Ela também expandiu para outros países, realizando projetos de sucesso, como é o caso do famoso vinho OPUSONE.
Voltando mais no tempo, na época da Babilônia, há 3.000 anos, já apostavam na mulher como sommèliere. No Egito, há gravuras de mulheres trabalhando nos vinhedos. “Mais do que beber, tinham a função de escolher e servir, e isso era prática comum de mulheres, feito de maneira igualitária e não discriminatória”, comenta Mikaela Paim.
Na atualidade, temos a americana, Jancis Robinson uma das principais críticas de vinho e que é a conselheira da adega da Rainha Elizabeth II. Quanta responsabilidade!
E a Argentina Susana Balbo foi a primeira mulher a obter o título de enóloga em seu país, sendo pioneira na elaboração de Torrontés no país e durante sua gestão como presidenta do Wines of Argentina, trabalhou fortemente para o posicionamento da uva Malbec como variedade emblemática da Argentina. Graças a esse árduo trabalho, os exemplares elaborados com Malbec começaram a competir com os melhores vinhos do mundo. Ela é a grande dama do vinho argentino. A mulher que, não só impulsionou a uva Torrontés no mercado local, mas transformou a Malbec num ícone mundial do seu país.
“Vejo muita similaridade entre essa bebida milenar e a mulher. Assim como em uma degustação técnica de vinhos, a mulher também gosta de ser percebida em seus 5 sentidos”, conclui Mikaela Paim.