À primeira vista, as ligações entre o mercado de luxo e a cerimônia de entrega do Oscar são muito evidentes. Além do tradicional desfiles de trajes e looks produzidos por algumas das marcas mais importantes do mundo da moda, muitos atores, diretores e profissionais que trabalham na indústria da sétima arte também emprestam seu talento para a divulgação do segmento de alto padrão.
Entretanto, existem relações mais profundas que ganharam destaque durante a premiação deste ano. A primeira delas foi a busca da Academia de Artes de Ciências Cinematográficas em devolver ao evento a relevância. Muito criticada em anos anteriores, a cerimônia ocorrida no último domingo acertou em alguns pontos. O incidente envolvendo os atores Will Smith e Chris Rock será lembrado por muito tempo, infelizmente, pelo aspecto negativo, mas, no saldo geral, o resultado foi positvo, especialmente pela diversidade dos prêmios entregues.
Reação similar vem ocorrendo com grande parte das marcas que atuam no segmento de luxo. A pandemia da Covid-19 fez com que ícones do mercado se mobilizassem e, das mais diversas formas, contribuíssem para a diminuição dos impactos sociais e econômicos. Da fabricação de produtos de saúde à doações financeiras para organização que atuaram na linha de frente do combate à pandemia, as grifes ampliaram sua relevância no panorama mundial e fortaleceram sua identificação junto à clientes e consumidores.
Outro aspecto significativo que foi perceptível especialmente entre as produções selecionadas ao prêmio de melhor filme, foi a amplitude de temas e diversidade de gêneros apresentados. Ficção científica, musical, comédia, drama, faroeste e terror estavam presentes entre os filmes indicados que se dividiram em produções feitas para o cinema e para a exibição por meio de streaming.
No mercado de luxo, essa pluralidade também vem se tornando um objetivo cada vez maior das marcas de todos os setores. Das grifes de moda, que criam coleções sem gênero definido, visando a multiplicidade de estilos, à indústria de automóveis, que produz veículos sustentáveis e com impactos mínimos ao meio ambiente, a indústria de alto padrão amplia e diversifica continuamente seu público.
Por fim, e não menos importante, está a capacidade da indústria de cinema em oferecer ao público um entretenimento inesperado, criativo e original. Neste ano fomos levados para uma saga interplanetária num mundo repleto de areia e, também, fomos transportado para o interior do coração de uma menina que tem o sonho de cantar e cujos familiares possuem problemas auditivos.
E se o assunto é criatividade, o setor de alto padrão também é destaque na geração de experiências que agregam valor à jornada de compra. Unindo tecnologia, ominicanalidade e, acima de tudo, o tradicional alto nível de qualidade de atendimento, que é uma característica consagrada do setor, as marcas de luxo, ao centralizar o consumo no cliente e não mais no produto, reinventam continuamente o mercado.
Uma análise da festa do Oscar permite constatar que é notório o esforço da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em atualizar uma cerimônia que se encaminhe para sua centésima edição. Em mais esse ponto é similar a relação com o mercado de luxo em que marcas centenárias, e outras um pouco mais jovem, buscam ampliar e reforçar sua relação com o público e, ainda, encontrar sua identidade num momento de profundas transformações.
Crédito da imagem 01: Reprodução/Oscar 2022
Crédito da imagem 02: Reprodução/Reuters
