O nascimento dos filhos é um momento único. E mesmo nos casos de infertilidade, existem várias alternativas possíveis. Para explicar os diversos tratamentos da medicina ligados a essa área, a Dra. Ana Beltrame, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, concedeu uma entrevista exclusiva para o Terapia do Luxo. Confira.
Vamos iniciar com uma questão bem pessoal: qual a emoção de ajudar casais a realizar o sonho de ter um ou mais filhos?
Difícil nomear as emoções, quando são tantos sentimentos envolvidos quando o assunto é formar famílias. De verdade, sinto-me privilegiada em poder participar de um momento tão importante na vida destes casais. Como mãe, posso dizer seguramente, que o nascimento dos meus filhos foi um dos momentos mais mágicos da minha história e, talvez por isso, não me canse de aprender e seguir nesta busca incessante de melhores resultados, para que mais pessoas possam ter esta mesma experiência de vida.
O que fazer quando um casal deseja ter filhos e surge a questão da infertilidade? Quais os primeiros passos a serem tomados?
Consideramos infertilidade, quando após um ano de relações desprotegidas, um casal não consegue atingir a gravidez. O primeiro passo é procurar um especialista e iniciar uma investigação que envolverá exames relacionados à mulher e ao homem. Como existe uma limitação de tempo em relação à idade da mulher, para as mulheres com 35 anos ou mais, recomenda-se que esta investigação seja iniciada após seis meses de tentativa.
O congelamento de óvulos é uma técnica usada para preservar a fertilidade. Quais os principais benefícios e vantagens dessa técnica?
A técnica de criopreservação utilizada atualmente é a de vitrificação, ou congelamento rápido de óvulos. Isto permitiu que as taxas de gravidez de óvulos previamente congelados ficassem quase iguais a de óvulos frescos. O grande benefício é poder preservar a fertilidade com uma taxa real de gravidez compatível com a idade em que os óvulos foram congelados. Por exemplo, se uma mulher congelou seus óvulos aos 34 anos e os utilizou aos 42 anos, a sua taxa de gravidez será a referente a que os óvulos foram criopreservados, ou seja, de 34 anos, permitindo melhores resultados de gestação. Esta técnica também pode ser utilizada por mulheres que serão submetidas a tratamentos de quimio e/ou radioterapia e, por mulheres, que por qualquer motivo, tenham que adiar seus planos de engravidar e queiram minimizar os riscos de infertilidade por diminuição da qualidade e quantidade dos óvulos, decorrentes do aumento da idade materna.
Todas as mulheres podem se beneficiar do congelamento de óvulos ou existe algum tipo de restrição?
Se não houver nenhum motivo clínico que contraindique a estimulação ovariana com hormônios e/ou a sedação para aspiração dos óvulos, o congelamento de óvulos pode ser realizado por qualquer mulher. O tratamento consiste na indução da ovulação com medicações específicas acompanhamento ultrassonográfico dos ovários até que os folículos (que são as bolsinhas de agua que contem os óvulos) atinjam um tamanho que indique que os óvulos estão maduros para serem coletados (em média 12 a 14 dias) e na coleta de óvulos propriamente dita, que é realizada sob sedação em centro cirúrgico.
A reprodução humana é um segmento da medicina que avança de forma muito rápida. Quais as últimas novidades e tratamentos na área?
Sem dúvida a reprodução humana é uma área bastante tecnológica e os avanços são diários. Nos últimos anos, além da melhora dos meios de cultura, das incubadoras e das condições do laboratório, técnicas para avaliar geneticamente o embrião evoluíram muito, permitindo uma seleção melhor do embrião antes dele ser implantado, melhorando as taxas de gravidez e elucidando alguns motivos relacionados às falhas de implantação embrionária. Outro grande avanço foi o nascimento de bebes de úteros transplantados, permitindo mulheres que não tinham ou perderam o útero de levar uma gestação adiante. Apesar de tantas conquistas, ainda temos muitos desafios relacionados à melhora das taxas de gestação com tratamentos de fertilização in vitro.
Mudando de assunto, a queda da libido é uma realidade enfrentada por muitas mulheres. Quais atitudes podem ser tomadas nesse sentido?
A queixa de diminuição da libido é frequente no consultório, principalmente nas mulheres acima de 40 anos. O desejo feminino é influenciado por múltiplos fatores. Existe uma tendência em se achar que um desequilíbrio hormonal possa ser o culpado de tudo. De fato, correções hormonais podem ajudar a melhorar a libido, mas a autoestima, segurança e o conhecimento do próprio corpo podem fazer toda a diferença na hora do sexo. A habilidade do ginecologista em avaliar estas inúmeras variáveis pode ajudar a direcionar o tratamento aliando aspectos psicológicos, hormonais e ambientais que possam estar envolvidos no processo.
E por falar em tomar atitude, quando deve ser realizada a primeira consulta ao ginecologista? Existe uma idade certa?
É recomendado que a primeira consulta ao ginecologista seja entre 13 e 15 anos. Nesta fase de descobertas é muito importante que se estabeleça um vínculo, uma relação de confiança entre o médico e a paciente. Com o vínculo fortalecido, a adolescente se sente à vontade para tirar suas dúvidas e recebe melhor as orientações em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e uso de métodos contraceptivos para se evitar uma gestação indesejada.
Como os pais e mães devem se comportar em relação ao acompanhamento de suas filhas no ginecologista. O diálogo entre pais e filhos é importante também nessa área?
Sem dúvida o diálogo entre pais e filhas é muito importante quanto se trata de saúde e educação sexual. O ginecologista é o mediador desta relação, tornando mais fácil a abordagem de temas que possam ser difíceis de explorar dependendo do formato da família. No entanto, e importante também que pais e filhas saibam que toda adolescente acima 14 anos tem direito a sigilo médico, resguardando a liberdade e privacidade da paciente.
No que diz respeito às medidas preventivas quanto à gravidez ou às Doenças Sexualmente Transmissíveis, na sua avaliação as mulheres estão mais conscientizadas?
Acredito que de uma forma geral a população esteja mais informada, o que não significa necessariamente conscientizada. Apesar do conhecimento, infelizmente as mulheres ainda continuam se expondo colocando em risco sua saúde e uma gestação indesejada.
Para marcar uma consulta com a Dra. Ana Beltrame, quais são as formas?
Entrar em contato com a recepção no telefone da Clínica Ella Saúde (11) 3050-6300.