Imagine uma menina de origem simples cujo maior desejo é estudar e ter o prazer de ver suas amigas também estudarem. Imagine agora que, por defender seu sonho, essa menina é vítima de um atentado orquestrado por uma das organizações mais violentas do mundo com o objetivo claro de mata-la e acabar com sua luta. E, ainda, imagine que essa menina sobreviva e com 17 anos conquiste o Prêmio Nobel da Paz.
Agora, pare de imaginar e vá até o cinema assistir Malala, documentário em cartaz no Brasil que narra a inacreditável história real da personagem título. Dirigido por Davis Guggenhein, autor do premiado documentário Uma Verdade Inconveniente, o filme mergulha o espectador no universo de sua personagem. O lugar onde nasceu, a forma amável e questionadora com que foi educada, a família amorosa e unida e a transformação da criança que queria estudar em uma ativista em prol da educação das mulheres do seu país estão muito bem retratadas na produção.
O tom é, evidentemente, carinhoso. O diretor faz questão em enfatizar que Malala era uma menina boa demais e que jamais merecia passar pelo que passou. Com certeza, ele está certo, mas ao prestar atenção demais em sua protagonista, alguns importantes detalhes históricos que ajudariam a compreender a jornada de vida da personagem acabam ficando em segundo plano.
Um detalhe curioso: Malala é, também, o nome de uma guerreira lendária. A sua versão moderna, tão bem retratada no filme, utiliza lápis e caneta em suas batalhas e prova que, sem dúvidas, essas são as armas mais poderosas do mundo.