“A moda nos dá a impressão de participar somente do monopólio das aparências, mas há algum tempo, eu procuro encontrar outras relações nos transbordamentos de seus significados. Ela transfere mensagens de realidades, às vezes opostas, visões de mundos diferentes, de culturas distintas e ela consegue se comunicar carregando sentido e emoção. Sentimentos, sem dúvida, se expressam através dela.
Os que fazem moda, os que trabalham com ela, têm como ofício, tornar possível, compreensível, estes processos. Então, procuro compreender de forma racional os seus desdobramentos, na ideia de transposição que ela carrega em si, e com isso ampliar suas significâncias.
A moda está intimamente ligada ao poder, o poder social.
Ela tem a disposição para ser ouvida, compreendida e às vezes até mais do que ser vista. Vai se construindo de dentro para fora, até encontrar sua forma. Nesta época tão positivista em que vivemos, a moda sem dúvida, transmuta suas funções estéticas e nos auxilia a compreender a nós mesmos.
Assim acontece sua tarefa psíquica, ela nos propõe autoestima, pode mexer com nossa libido e também propõe proximidades.
É mágica. É feita de magia sua construção, transmitindo mensagem, transpondo imagem em linguagem. Com diálogos criativos vai se recompondo, se refazendo e inaugurando novas maneiras de nos vermos. Suas visões inovadoras constituem o retrato, o espírito do tempo que vivemos.
Em sua fabricação, com seu poder criativo, ela às vezes atinge altos graus de inventividade e chega assim à poesia, com seu colorido, suas fantasias cheias de paixões. Em seu feitio, em sua prática, ela envolve conhecimentos técnicos e uma agudeza de interpretação.
Colhe nas ruas o material que a constitui e ao mesmo tempo antecipa novas mensagens, se sujeitando com humildade as condições sociais e apertando os laços da solidariedade, causando sempre um legitimo entusiasmo.
Com suas trilhas e atalhos, a moda é a porta que se abre para o mundo dos sonhos”.