O universo musical é um tema permanente para os roteiristas de cinema. Abordando a vida de excessos dos mais badalados artistas do mundo, a solidão dos dias em que a fama passa a ser uma companheira distante ou a frustração daqueles que ao longo da vida emplacam apenas um hit, as produções contam histórias de sucessos e fracassos. Mas, na maioria das vezes, esquecem um detalhe essencial: os ídolos são, antes de tudo, pessoas comuns.
Em resumo, esta a história de Ricki and the Flash – De Volta para Casa que está em cartaz nas salas de exibição do Brasil. Ricki é uma cantora de meia idade que largou os filhos e o casamento para tentar a sorte no mundo da música. Sua vida muda completamente quando precisa voltar ao seu antigo lar para ajudar a filha que está em crise depressiva devido a uma frustração amorosa. Mas, é claro, que os problemas de Ricki estão apenas no começo, já que os outros filhos e também o ex-marido possuem mágoas profundas que o tempo não apagou.
A história escrita pela escritora Diablo Cody, que já levou o Oscar de roteiro pelo filme Juno, critica de forma mordaz o universo idealizado dos norte-americanos. Da roqueira que tem posições conservadores ao típico pai de família que guarda maconha escondida na própria casa, a roteirista destila sua visão ácida de uma sociedade que parece, realmente, se importar mais com a aparência do que com a verdadeira felicidade.
Meryl Streep, como de hábito, emprega as ferramentas necessárias para dar à personagem principal da trama a profundidade necessária e Kevin Kline, no papel do marido abandonado, mostra que seu talento como comediante vem apenas aumentando com o passar do tempo. Um detalhe curioso é que a atriz Mamie Gummer, que interpreta a filha de Meryl Streep no filme, também desempenha esse papel na vida real. Ou seja, a produção é um verdadeiro filme familiar e pode ser visto por toda a família, mesmo as que têm muitos problemas.