Salvador sempre será um destino badalado e favorito de muitos turistas, seja por causa do carnaval, por seus pontos turísticos e por conta de toda a atmosfera que envolve a cidade, com muita magia, fé e sonoridade.
Confesso que me faltava uma visita para fazer uma imersão em sua história e me entregar de corpo e alma para a culinária local, passando pelos principais pontos que fizeram da cidade a mais frequentada da Bahia.
Em um momento onde a valorização do nacional cresceu e ganhou outros capítulos na história do turismo brasileiro, Salvador foi a minha escolha para passar alguns dias no último mês de julho e tive a oportunidade de conhecer o Projeto Tamar na Praia do Forte, descer as ladeiras do Pelourinho, visitar o Mercadão Municipal, descendo o elevador Lacerda e apreciar a Baía de Todos os Santos.
Mas o que mais me chamou a atenção nessa passagem foi conhecer um dos empreendimentos mais antigos e mais charmosos da cidade, que carrega a essência do mercado de luxo, mas que ao mesmo tempo, traz em sua trajetória fatos históricos e que marcam a tradição hoteleira da cidade.
Estou falando do Fera Palace, localizado na Rua Chile, a primeira rua do Brasil e uma das mais importantes de Salvador. Inaugurado em 1934, foi idealizado em estilo art déco e já hospedou diversas celebridades nacionais e internacionais (como Carmen Miranda e Pablo Neruda). Em 2015, ele passou por uma revitalização, preservando suas características originais e foi reinaugurado em 2017, resgatando todo o glamour dos anos 30 e trazendo um rooftop como um espaço inédito, de frente para sua cúpula de bronze, com vista panorâmica para o Forte São Marcelo, Mercado Modelo, Ilha de Itaparica e Península de Itapagipe.
No térreo do hotel, está o mais recente e badalado hot spot de Salvador, o Omí (que significa água e prosperidade), sob comando do chef Fabrício Lemos. O menu conta com opções de frutos do mar e pescados, unindo cozinha mediterrânea com alguns elementos autênticos da culinária tradicional baiana.
Em minha passagem por lá fui surpreendida com algo que não estava à disposição no cardápio. Segui a indicação do metre e me rendi à experiência harmonizada e exclusiva, passando pelas entradas, principais e drinks autorais.
De boas vindas, iniciamos com o “abarajé”, um bolinho de acarajé com abará (massa de feijão fradinho, bem típico de lá) e um shot de acerola com uma cachaça do recôncavo baiano. Em seguida, provei a famosa “chip de lagosta”, com molho bernaise e sagu de tapioca, combinando com o drink de vodca, limão tahiti, espuma de cacau com gengibre.
Passamos, então, para o taco de camarão com queijo meia cura da Chapada Diamantina. Como degustação das indicações dos pratos principais, o peixe marinado em leite de tigre e crispy negro teve seu sabor acentuado com o drink de gin, sumo de caju, coentro e água tônica.
Aliás, na carta de drinks e possibilidades de novas descobertas, o show à parte fica por conta de algumas opções que carregam histórias, como o caso do “Dona Janaina”, em homenagem à Iemanjá, com xarope de maçã verde e finalizado com maxixe (que casa perfeitamente com a lula, polvo, cebola roxa e pimenta doce). Assim como o “Dama de Roxo”, uma bebida preparada com gin, frutas vermelhas, espiral de limão siciliano e alecrim em homenagem a uma viúva que era personagem tradicional da Rua Chile. O drink tá o tom perfeito para o filet de angus, brócolis e mousseline de mandioquinha.
O ravióli de siri, molho de moqueca e farofa de dendê ganhou preferência em meu hall de “pratos prediletos”, mas os doces são um espetáculo à parte.
Assinados por Lisiane Arouca, o repertório traz sofisticação, delicadeza e muito sabor, enchendo, inclusive, os olhos com a apresentação. Destaque para o “Dona Marieta”, com creme de queijo, farofa de queijo, ambrosia e frutas vermelhas. O “grand finale” embala o café expresso acompanhado por uma verdadeira caixa de joias, com doces finos.
O Omí está de portas abertas para o café da manhã, almoço e jantar em um espaço aconchegante e intimista.