A máscara necessária para proteger contra o coronavírus virou um acessório de moda obrigatório desde o início da pandemia em 2020. O nome Fashion Masks sugere uma marca de máscaras, mas o projeto vai muito além. O Fashion Masks foi criado em meio à pandemia para desenvolver projetos de inclusão social e geração de renda para trabalhadores informais afetados pela crise econômica decorrente da Covid-19. O movimento se mobilizou pela primeira vez para solucionar o problema do acesso às máscaras de proteção. Hoje a empresa desenvolve diferentes produtos no setor têxtil, conectando a experiência das costureiras a novas demandas e hábitos de consumo.
A marca foi fundada por Brenno Faro e Marcos Rechtman, que, logo no início da pandemia, começaram a se questionar como ficaria a economia do país e a situação dos trabalhadores informais. “No fim de março, vi um post no Linkedin do Rodrigo Gomez Sanchez, ex-CEO da Animale, questionando qual seria a primeira marca de moda a salvar o Brasil, mudando sua rede de facções e ateliês para produzir máscaras para a população brasileira com sobras de matéria-prima”, comenta Brenno, CEO do Fashion Masks. No mesmo post, estava o vídeo do Mask 4all, um movimento que nasceu na República Tcheca e incentiva a produção de máscaras caseiras. A partir disso, os sócios começaram a pesquisar o que as marcas de moda estavam fazendo e, nesse momento, descobriram que quase nenhuma empresa produzia máscaras porque as pessoas ainda não estavam usando. Só era possível encontrar os modelos hospitalares.
Então, Brenno e Marcos acionaram costureiras, fábricas e confecções de roupas que ficaram ociosas na quarentena para produzir máscaras, um item essencial e altamente demandado. A dupla montou um e-commerce e conseguiu apoio do Grupo Malwee, que passou a fornecer tecidos cortados a um preço abaixo do mercado. Para se tornar uma costureira do projeto é necessário se cadastrar no Mapa das Máscaras, uma plataforma em que costureiras de todo o Brasil se cadastram e são conectadas com a demanda local. É possível comprar os kits de tecido cortados e produzir por conta própria um dos modelos, seguindo o passo a passo disponibilizado na aba “Faça você mesmo” no site. Hoje são mais de 5 mil costureiras cadastradas e uma rede de 80 costureiras fixas em São Paulo que produzem atualmente para o e-commerce do Fashion Masks.
Nos primeiros seis meses, o Fashion Masks produziu mais de 5 milhões de máscaras, faturou R$10 milhões e gerou R$900 mil em renda distribuída para cerca de 80 profissionais de costura de São Paulo. O motivo do sucesso da startup foi a competência em dar soluções rápidas e assertivas para os desafios que acontecem todos os dias, bem como a coordenação entre as áreas de marketing, comercial, produção, logística, tecnologia e financeiro. “Vale ressaltar que montamos uma operação logística da noite para o dia para absorver toda a nossa produção. A nossa plataforma, do ponto de vista da experiência do cliente, compete com marcas grandes que estão há muito mais tempo no mercado, explica o CEO.
Com alta qualidade e preço competitivo no mercado, a empresa começou a expandir o portfólio, produzindo também máscaras e camisetas com tecido antiviral, fornecido e produzido pelo Grupo Malwee, testado em laboratórios da Austrália e da Suíça. O tecido desativa o vírus por conter partículas de sal de prata com poder inibidor do crescimento microbiológico e uma vesícula de gordura (lipossoma) que ajuda a destruir a membrana protetora do coronavírus e, consequentemente, o próprio vírus. Tanto as máscaras como as camisetas antivirais do Fashion Masks foram as primeiras do mercado brasileiro que tiveram a eficácia testada. Além de máscaras e camisetas, o projeto também conta com ecobags e vestidos.
A startup fechou o ano de 2020 faturando R$16 milhões, gerando mais de R$1 milhão de renda para as costureiras, com apenas oito meses de funcionamento. Para este ano, a expectativa é de faturar R$40 milhões, além de lançar 1.500 novos produtos no e-commerce, sendo 460 modelos no primeiro semestre.
O Fashion Masks foi fundado com o objetivo de dar vez e voz aos trabalhadores informais. Cada compra é uma forma importante de apoio ao movimento, cada entrega é parte da história de alguém junto à máquina de costura, cada selo carrega o nome da pessoa por trás da confecção do produto. “Queremos aumentar nosso portfólio, gerando mais renda e trabalho para as nossas costureiras, para continuar promovendo a inclusão social através do trabalho. Chegamos para nos firmar como um e-commerce de moda com propósito”, ressalta Brenno.