Fundado no ano de 1954 por Jean-Jacques Guerlain, o Comitê Colbert é uma associação que reúne 95 casas de luxo francesas, 18 instituições culturais e 6 casas de luxo europeias. Entre os principais objetivos da organização está a promoção da paixão pelo luxo, o desenvolvimento sustentável e a transmissão do saber francês para continuar inspirando sonhos em todo o mundo.
Muito além da reunião de algumas das principais marcas da atualidade, o Comitê Colbert se consolidou como um verdadeiro ícone dentro do mercado de luxo contemporâneo, com ações significativas e estratégicas.
Para apresentar ao público brasileiro mais detalhes sobre essa importante organização, Manu Berger esteve em Paris e conversou com a CEO do Comitê Colbert, Bénédicte Épinay. O savoir-faire francês, a importância da valorização do trabalho artesanal e os desafios de gerir uma organização de relevância mundial foram alguns dos temas abordados na entrevista. Confira.
Manu Berger: No Brasil, muitos ainda não conhecem o Comitê Colbert, ou a profundidade dessa história. Você poderia nos contar um pouco mais sobre isso?
Bénédicte Épinay: O Comitê Colbert é a associação oficial do luxo francês. Foi criado há 70 anos para promover essa indústria, tanto na França quanto no exterior, e para preservar o savoir-faire, que estava ameaçado após a guerra. Muitos artesãos haviam morrido e era necessário revitalizar os ateliês, atrair novas gerações. Curiosamente, ainda enfrentamos esse desafio de renovação dos ateliês até hoje. Organizamos eventos para destacar a herança e o savoir-faire, que estão no coração dessa indústria.
MB: Quantas empresas fazem parte do Comitê hoje?
BÉ: Começamos com 15 casas, entre elas Guerlain, Hermès, e Christian Dior. Hoje, somos 95 casas, incluindo todos os palácios de Paris, como o Le Meurice, onde estamos agora. Também temos 18 instituições culturais, como o Museu do Louvre, o Palácio de Versalhes e a Torre Eiffel. Todos compartilhamos o mesmo amor pela beleza e a preocupação com a excelência francesa, prestando atenção aos mínimos detalhes.
MB: Deve ser difícil trabalhar com tantas marcas incríveis e manter tudo organizado.
BÉ: Não é fácil, porque são 95 marcas mundialmente famosas. Mas, o que nos une é maior que a competição de mercado. Dentro do Comitê Colbert focamos na herança, no savoir-faire e no desenvolvimento sustentável. Somos conhecidos mundialmente como representantes do luxo e do art de vivre francês. Trabalhamos como um coletivo que promove Paris e a França como o centro do luxo global.
MB: E você já pensou em trazer algo assim para o Brasil?
BÉ: Sim, estive no Brasil há dois anos, para um evento organizado pela Atout France chamado “France Excellence”. Dei uma palestra explicando por que a França é o país da excelência, de onde vem essa ideia de elegância e savoir-faire. É importante contar essa história, porque não é algo que surgiu do nada; está profundamente enraizado na nossa história e nas nossas marcas.
MB: E para você, o que é o verdadeiro luxo?
BÉ: Eu gosto muito de uma definição do Jean-Louis Dumas, ex-presidente da Hermès e do Comitê Colbert. Ele dizia que o luxo é o desejo que supera a razão. Porque, no fundo, comprar algo de luxo não é algo racional. É um desejo que vai além do valor material, pois carrega patrimônio e savoir-faire. O luxo tem essa capacidade de trazer algo imaterial, que é o que o torna tão desejável.
MB: Muito obrigada por compartilhar tanto conhecimento. Foi uma honra conversar com você.
BÉ: O prazer foi todo meu.