Rompendo barreiras e inovando no seu posicionamento de marca, a Gucci se tornou simplesmente irresistível, principalmente para as novas gerações.
Quando o filme “House of Gucci”, sobre o assassinato de Maurizio Gucci, herdeiro da grife de moda, pela ex-mulher, Patrizia Regianni, fizer o seu debut nos cinemas no próximo mês, em novembro, estrelado pela atriz e cantora Lady Gaga, a Maison italiana deve se eternizar, de uma vez por todas, o seu lugar como ícone pop cultural, caminho que já vêm percorrendo, ao longo de seus 100 anos de existência, com suas cores inconfundíveis e sua famosa iconografia.
Especialmente depois que o estilista Alessandro Michele assumiu a direção criativa da marca florentina, em 2015, a Gucci adotou a disrupção, o rompimento com o paradigma atual, como DNA e marca. As criações idiossincráticas de Michele, sua paixão pela moda vintage e uma narrativa que quebra estereótipos e clichês ajudam a explicar o sucesso e valorização da grife sob seu comando, que diante das mudanças do mundo, impostas sobretudo pela globalização e pelo advento das tecnologias da informação, precisou se reposicionar.
Trazendo um frescor do futuro e as urgências do presente, porém sem deixar de levar em conta a longa tradição da casa, logo na sua estreia, Michele lançou uma coleção masculina de gênero neutro, ou genderless, propondo uma quebra de estereótipos e barreiras entre o que seria uma coleção feminina e uma coleção masculina. Para isso, o designer também incluiu mulheres vestindo ternos de seda florida no desfile, o que seguiu a sua lógica de tornar a linha masculina mais jovem, romântica e com uma sexualidade mais ambígua. O resultado foi um retorno à moda bucólica, mas com um olhar contemporâneo.
Harry Styles fez história ao se tornar o primeiro homem a estrelar a capa de uma edição da revista Vogue, usando vestido e jaqueta assinados pela Gucci.
Na contramão da tendência minimalista, a Gucci trouxe para as passarelas e para os mercados de moda e luxo a aposta no maximalismo, a exuberância das cores, da mistura de estampas e do tamanho dos acessórios, tudo bastante “instagramável”, em uma era marcada pela urgência do compartilhamento, onde tudo é postado e exibido nas redes sociais. Não por acaso, a marca escolheu como um de seus embaixadores o descolado cantor e ator Harry Styles, adorado pelas gerações Z e Millennials, e que se tornou um verdadeiro símbolo do comportamento disruptivo da Maison, com seus figurinos extravagantes e que, muitas vezes, rompem com a desgastada divisão de gênero na moda.
Com estratégias nada convencionais, a partir de um olhar plural, a Gucci foi bem suicida na empreitada de reformular o seu Branding e comunicar essa sua transição de posicionamento, reforçando toda uma onda comportamental, social e histórico-cultural na qual vivemos. A partir de um reforço considerável de sua presença nas mídias digitais, adotando uma postura omnichannel e mobile friendly, a Gucci dos últimos anos não apenas se tornou a marca que mais cresce no segmento de luxo, segundo estudo realizado pela WPP e Kantar, mas também conseguiu criar uma comunidade forte – que promove indiretamente a marca – de fiéis fãs e clientes, para quem a grife é simplesmente irresistível.