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Valor, legado e história de uma marca no mercado brasileiro

Reescrever e reinterpretar a história de marcas famosas vem crescendo em popularidade. A série televisiva exibida em 2018 The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story, que tem no elenco Penélope Cruz e Rick Martin, e o filme Casa Gucci, estrelado por Lady Gaga e Al Pacino, comprovam que as sagas de algumas grifes são, muitas vezes, mais incríveis que os enredos de ficção.

Entre as marcas do presente e do passado que se posicionaram no mercado de luxo nacional, uma cuja história certamente renderia uma boa produção, cheia de reviravolta, é a Daslu. Considerada um verdadeiro império do luxo com alcance que ultrapassavam as fronteiras do país, a marca que foi pioneira na comercialização de grifes como Chanel e Jimmy Choo, foi arrematada em um leilão realizado no dia sete de junho por 10 milhões de reais.

A saga da marca que em seus últimos momentos rendeu mais publicações nas páginas policiais dos jornais do que na seção de economia, porém, não é o foco dessa análise. Minha proposta é fazer uma reflexão sobre como uma marca é construída, seu valor e seu legado.

Nesse sentido, é necessário voltar para a década de 1950, época em que duas amigas que pertenciam a alta sociedade paulista recebiam convidadas para apresentar roupas e tendências de moda. O que se destacava nesses encontros, além do atendimento de qualidade, era a seleção exclusivas das peças, uma verdadeira curadoria com o melhor do mundo fashion de então. Em outras palavras, atendimento de excelência e compreensão dos anseios e desejos do público alvo, atributos fundamentais do mercado de alto padrão na atualidade, já eram praticados há mais de sete décadas pelas empresárias.

Com o tempo, uma segunda geração assumiu o comando dos negócios e, devido a abertura do mercado para a importação de produtos estrangeiros, a Daslu viveu uma fase icônica proporcionando aos clientes brasileiros o acesso a grifes exclusivas. Um detalhe interessante é que essas peças chegavam aos consumidores nacionais em uma época em que ainda não existiam boutiques das marcas no país. Mais um vez, o investimento no conceito de tradição e a inovação do modelo de negócio, outras características marcantes do setor, podiam ser verificados nas ações estratégicas da Daslu.

O tempo, novamente, foi responsável por grandes mudanças na marca, só que de forma negativa. Problemas referentes à documentação, pagamentos de impostos e outras situações ligadas ao processo administrativo fez a marca se desfazer em polêmicas, e o que era uma referência no mercado brasileiro de alto padrão se transformou apenas em lembrança.

A venda por meio de um leilão, porém, comprova que marca possui relevância na atualidade. E ainda que arranhado, seu legado permanece. Apogeu e decadência, de certa forma, são dois lados de uma mesma moeda e no mundo corporativo é comum que histórias dessa natureza se tornem realidade. Entre as marcas brasileiras que se posicionaram no mercado premium, talvez a Daslu ainda seja uma das mais significativas.

É impossível antecipar qual será o seu futuro a médio e longo prazo, entretanto, com base no seu passado, grandes surpresas podem acontecer.

Crédito da imagem: Reprodução/Daslu

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Manu Berger
Com cursos sobre o Mercado do Luxo em Paris, Milão, Londres e Nova York, Manu Berger é a fundadora da Terapia do Luxo, uma revista digital voltada para o público de bom gosto. Com atualizações diárias o endereço é pioneiro no segmento high-luxury no sul do país.
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